Efeitos do álcool sobre o aparelho digestivo
Todos nós sabemos que o consumo de álcool faz mal à saúde. Como vivemos em uma sociedade livre, cada um tem o direito de consumir álcool se assim desejar (já que é uma droga legalizada) mas devemos saber a quais riscos estamos expostos.
Além de causar dependência química e ter potencial para atrapalhar a vida social das pessoas, o consumo de álcool apresenta riscos específicos para os diferentes órgãos e sistemas. Seguem aqueles referentes aos órgãos do aparelho digestivo:
Esôfago
Os dois tumores malignos mais comuns do esôfago são o carcinoma espinocelular (CEC) e o adenocarcinoma. Eles têm origens diferentes, mas o consumo de álcool é fator de risco para o desenvolvimento de ambos, seja por lesão direta da mucosa do esôfago ou por aumentar o refluxo gastroesofágico (uma latinha de cerveja tem a mesma quantidade de calorias que um pão francês, por aí percebemos que o álcool é extremamente calórico e, portanto, quem bebe tem maior chance de ser obeso; pacientes obesos têm mais refluxo).
Estômago
A obesidade é um fator de risco para o câncer de estômago e, pelo exposto acima, entendemos o porquê o consumo de álcool aumenta a incidência desse tumor. Além disso, gastrite e úlceras são alterações que podem estar mais presentes nesses pacientes.
Fígado
Talvez o malefício mais conhecido do álcool no corpo seja a cirrose. A cirrose é a fibrose do fígado e pode ocorrer principalmente em pacientes etilistas e em portadores de hepatite crônica (sobretudo B e C). Três são os principais problemas associados à cirrose:
1. Insuficiência hepática: o fígado para de funcionar sendo necessária a realização de transplante em alguns casos.
2. Hemorragia digestiva: sangramento de vasos que se formam no estômago e esôfago em pacientes cirróticos; Se manifesta com vômitos ou fezes com sangue.
3. Carcinoma hepatocelular: câncer de fígado, ocorre quase que exclusivamente em cirróticos e demanda tratamento complexo, que pode ser feito pela retirada do tumor, transplante de fígado e / ou quimioterapia.
Pâncreas
As pancreatites e inflamação do pâncreas, podem estar relacionadas ao consumo de álcool. Podem ser do tipo aguda ou crônica.
1. Pancreatite aguda alcoólica: inflamação do pâncreas que aparece imediatamente após o consumo excessivo de álcool (em uma festa, por exemplo).
Sua principal causa não é alcoólica (90% das vezes é causada por pedra na vesícula). Pode ser desde um quadro leve resolvido espontaneamente em poucos dias, até um quadro grave que necessita de suporte em UTI, ventilação mecânica e hemodiálise podendo levar à morte.
2. Pancreatite crônica: fibrose do pâncreas pelo consumo crônico de álcool. Pode causar dor crônica de forte intensidade no abdome, alteração na produção de enzimas do pâncreas (que afetam a absorção de nutrientes) e diabetes (já que o pâncreas que é o produtor de insulina no nosso corpo).
Intestinos
Por ser irritante da mucosa intestinal, o álcool pode ser causa de diarreia (sobretudo nos dias após seu consumo), mas essa não é a sua principal preocupação no intestino. O consumo de álcool é fator de risco para câncer colorretal.
Conclusão
Não existem níveis seguros para o consumo de álcool. Consumo em quantidades pequenas dessa substância, têm menor chance de causar as complicações aqui descritas, mas a quantidade exata segura não pode ser determinada, por ser individual, variando de pessoa para pessoa.