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Quais são as possíveis complicações da cirurgia para retirada da vesícula?

Quais são as possíveis complicações da cirurgia para retirada da vesícula?

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A colecistectomia (cirurgia para retirada da vesícula) é o procedimento mais realizado por cirurgiões do aparelho digestivo. Atualmente, é feito na maior parte das vezes por videolaparoscopia (cirurgia feita através de pequenas incisões na pele). 

A taxa de complicações, tanto aquelas relacionadas à cirurgia quanto a anestesia, são muito baixas e podemos dizer que esse é um procedimento seguro. Mas a taxa de complicações baixa não significa taxa de complicações zero. Existem sim possíveis complicações relacionadas a esse procedimento, vamos a elas...

Vazamento de bile

Quando retiramos a vesícula do fígado, é possível que ocorra vazamento de bile em dois locais: do próprio fígado ou das vias biliares (sistema de ductos que drena a bile do fígado). Nesses casos, quando o risco de vazamento é identificado durante o procedimento, o cirurgião pode colocar um dreno para escoar a bile. Por vezes, o paciente precisa ser reoperado.

Coledocolitíase

Coledocolitíase acontece quando um dos cálculos da vesícula se desloca até o sistema de ductos que drena a bile do fígado, a via biliar. Isso pode ocorrer durante a manipulação da vesícula biliar. 

Quando é detectada, a melhor maneira de retirar esse cálculo é por meio de uma endoscopia, mas, em alguns casos, uma cirurgia maior se faz necessária.

Lesão da via biliar

Como já foi dito, as vias biliares são o sistema de ductos que drena a bile do fígado. A vesícula fica acoplada a esses ductos e nesse sistema ela funciona como um reservatório de bile. Quando necessitamos retirá-la, pode existir uma lesão nesse sistema de ductos. Essa é a condição mais temida na cirurgia de vesícula.

A chance de sua ocorrência é maior nos casos em que existe muita inflamação ou nos casos em que a anatomia do paciente é diferente do usual mas, mesmo nos casos “fáceis”, ela é possível. 

Além de medidas para evitar a lesão da via biliar, é importante que o cirurgião esteja habilitado a identificá-la e tratá-la. Felizmente, ela ocorre em menos de 1% das colecistectomias.

Sangramento

A vesícula biliar fica presa ao fígado. Esse órgão é extremamente vascularizado. Grande parte do nosso volume total de sangue passa pelo fígado em um minuto, por isso, quando a vesícula está sendo liberada do fígado, existe uma chance de ocorrer sangramento. 

Na maior parte dos casos quando ocorre, é uma hemorragia menor, controlada durante o procedimento pela própria laparoscopia. Em poucos casos, é necessária a conversão para cirurgia aberta e, às vezes, reoperação. 

A chance de sangramento é maior nos casos em que a cirurgia é muito difícil (quando a região está inflamada) ou quando o paciente apresenta um distúrbio de coagulação, por isso, é fundamental que a avaliação pré-operatória seja realizada por um cirurgião experiente.

Infecção

O combate a infecção relacionada às cirurgias faz parte da história da medicina. No caso da cirurgia da vesícula, ela pode ocorrer na cavidade abdominal (geralmente em pacientes operados de urgência com inflamação grave na vesícula), na incisão cirúrgica na pele ou em locais “distantes” da cirurgia. 

A pneumonia era comum nas operações abertas de vesícula e estava associada à dor que o paciente sentia no período pós-operatório, pois ela impossibilitava a expansão adequada da caixa torácica. Essa é uma das vantagens nítidas da videolaparoscopia: cortes menores geram menos dor e menos complicações pulmonares no pós-operatório.

Complicações relacionadas à anestesia

A anestesia geral é muito segura nos dias de hoje. As complicações relacionadas à anestesia são cada vez menores, mas ainda existem, sobretudo aquelas relacionadas à intubação e aos efeitos colaterais das medicações. Por isso, é essencial que o hospital onde a cirurgia será realizada tenha uma equipe de anestesistas gabaritada e uma estrutura capaz de tratar as complicações (unidade de terapia intensiva, por exemplo).

Conclusão

O intuito desse post não é desencorajar ninguém a realizar a cirurgia para retirada da vesícula biliar, pelo contrário. As condições aqui citadas são incomuns e podem ser remediadas. Além disso, a medicina só indica a realização de um procedimento cirúrgico quando o risco da cirurgia (que sempre existe) é menor que o risco de não operar. 

Nos casos em que a cirurgia é necessária, o maior risco é deixar de operar. O paciente com pedra na vesícula não operado pode apresentar complicações, tais quais a pancreatite e a colecistite aguda, doenças que são consideradas urgências. Vale a mesma regra de sempre, converse com o seu médico de confiança e juntos, façam a melhor escolha para o seu caso.